Urge fazer duas questões:
-As medidas apresentadas resolvem? Não. Os resultados da descida da TSU são absolutamente marginais do ponto de vista económico e do ponto de vista da criação de emprego. As medidas não fazem, de facto, sentido e actuam pouco onde o PSD e CDS defendiam. O nosso querido Leviatã atingiu dimensões incomportáveis e que nos estão dia para dia, a levar à bancarrota. Uma irresponsabilidade total por parte de quem tem o dever de estudar, de encontrar soluções e de as apresentar aos portugueses de forma coerente. É isso, primeiro ponto, falta de coerência.
Como escreve Henrique Raposo, "as empresas não têm acesso ao financiamento bancário e sem esse impulso, têm poucas oportunidades de lançar investimento criador de emprego. Descer a TSU num contexto de escassez de crédito para as empresas é o mesmo que plantar um belo jardim e esquecer a água, é o mesmo que dar viagra a um eunuco"
Um governo que é incapaz de executar uma política de corte claro e duro à despesa pública, permitindo aos portugueses um raciocínio economicamente saudável, é imperdoável.
Crise na coligação?!? Há muito menino no PSD e CDS que ainda não percebe que isto não é uma questão partidária, ou pelo menos, deixou de o ser. É uma questão de Estado e não adianta teatrozinhos de parte a parte.
- Depois, há outra questão importante: o impacto que esta medida causa na coesão social do país.
A forma de anúncio das medidas (e sem esperar pelas reacções da troika, disparate completo!!), criaram o sentimento de angústia e desespero que era aquilo que ainda nos diferenciava de países onde os brandos costumes não são tão visíveis.
Agora, não me venham com manifestaçõezinhas de "Que se lixe a troika! Queremos as nossas vidas". Isto é brincar com o País, é a brincar com tudo o que já se conseguiu até agora (que é, por vezes, também esquecido).
O pior que nos podia acontecer neste momento, enquanto País que mostra confiança aos mercados externos, era uma crise política. E anda por aí muita gente com sede de que isto vire Atenas. O PS, então, tem uma "grande lata", age e fala aos portugueses como se eles não tivessem memória e como se o PS não tivesse grande responsabilidade pela situação em que nos encontramos.
Se bem me lembro, Sócrates teve a proeza de duplicar a dívida soberana de Portugal durante os 6 anos de governação. Aumentou a função pública, aumentou as obras públicas, venceu as eleições à custa de promessas que sempre dependiam de recurso ao crédito obtido nos mercados internacionais.
E aqueles que vão à manifestação são os mesmos que sofrem de amnésia, aqueles que não quiseram saber e foram atrás do direito ao TGV e quilómetros de auto-estradas para impedir que uma região se sentisse inferior a outra, as PPP e as ex-Scuts - o Dr. Paulo Campos ainda tem um lugarzinho na Assembleia?
E então, vão exigir agora o quê?
Mentes pequenas discutem pessoas, mentes medianas discutem eventos e grandes mentes discutem soluções e ideias, já dizia a primeira-dama dos EUA há cerca de 80 anos atrás.
É esse o problema. É o défice democrático que existe no nosso país, é a falta de sentido de Estado e a gritante necessidade de revitalização dos partidos políticos no sentido da sua acção em prol do caminho certo para o País.
O nosso país, mais do que economicamente e financeiramente falido, é civicamente e moralmente destruído.
Sentem-se à mesa, discutam, encontrem medidas viáveis, medidas com sentido.
Porque eu, eu também partilho deste sonho.
Porque eu, eu também partilho deste sonho.
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